#14 Abordagem metodológica da etnografia visando o trabalho com os letramentos
ARTIGO 1
A) Momentos, marcas, sinais de que há uma preocupação dos participantes da pesquisa – professor-pesquisador; bolsistas/colaborador em formação – em construir um “lugar de fala”, que aponta para posturas e imposturas;
Os participantes demonstram uma consciência sobre a importância de, a partir do papel do professor, construir um “lugar de fala”. Isso é visto nos trechos a seguir:
“Nossos bolsistas foram incentivados a se engajarem em um constante exercício de observação, anotação, leitura, reflexão, novas observações e anotações [...] para assim compreender os significados culturais ali presentes.”
Aulas 1 e 2
“Os alunos também puderam sugerir livros, assim como falar aos colegas o que eles abordam. Espontaneamente, uma conversa sobre literatura se iniciou” (P. 274)
“Após isso, com vários títulos dispostos na lousa, duas votações entre os alunos foram responsáveis por definir ‘O Guia do Mochileiro das Galáxias’ (sugestão dos bolsistas) como a obra norteadora do projeto de leitura” (P. 274)
“Pedimos que a classe pesquisasse informações sobre o livro e o autor, para discutirmos a esse respeito na aula seguinte.” (P. 274)
“Os estudantes se mostraram mais atentos nos momentos em que puderam interagir, sinalizando que aprendem melhor quando conseguem participar e não apenas receber.” (P. 274)
Aula 3
“Rapidamente, a leitura foi encerrada e fizemos uma síntese daquele capítulo”. (P. 276)
“Ainda assim, prosseguimos, e as discussões promovidas foram muito mais proveitosas. Apesar do rápido momento conturbado de leitura, a aula foi satisfatória”. (P. 276)
B) Onde pode ser vista ou entrevista a noção de WINKIN (1998) do “saber estar com!”, que aponta para a postura de não neutralidade do pesquisador no campo.
Observou-se a necessidade de repensar as propostas pedagógicas, pois se situavam em um cenário de exclusão social. A partir disso, os bolsistas conciliaram suas ideias para que o projeto de leitura literária na escola se tornasse mais eficaz, moldurando uma sala de aula interativa. Os pibidianos colocaram em prática a noção de “saber estar com!” (WINKIN, 1998) e por meio dos diários pedagógicos de Karolayne Carella Dimonte, é perceptível uma consideração do grupo sobre a necessidade de modificação no planejamento para acatar toda a procura de alunos, objetivando uma maior interação destes.
“Os alunos não prestaram muita atenção no início, mas depois começaram assistir ao filme e até faziam comentários entre si. Para a atividade, foi necessário que todos os bolsistas ajudassem os alunos, pois eles não tinham muita criticidade na hora de formular as respostas.” (P. 272)
ARTIGO 2
A) Em que medida o trabalho pedagógico proposto pode ser relacionado à noção de WINKIN (1998) do “saber ver!”, ou seja, saber rever e repensar suas crenças, valores, conhecimentos cristalizados em função de uma determinada experiência com o “outro”.
Ao fazer a escolha a para a realização do trabalho com o livro “O cortiço” de Aluísio Azevedo, ainda que não esteja dentro da abordagem ditada pela instituição de ensino sobre qual tipo de obra deveria ser abordado, eles optaram a experiência de escolha da obra com a participação dos alunos, assim, provocando um interesse muito maior por parte deles. Percebe-se o desinteresse dos alunos e em consideração ao resultado do diagnóstico etnográfico permitiram que os alunos participassem da escolha das obras que seriam lidas:
“A partir da discussão feita em sala, acerca do poema, os alunos começaram a produzir seus próprios textos, dentro da proposta transmídia, que trata de novos produtos que são criados a partir de um texto base”. (P. 124)
“A escola desejava a leitura dos clássicos universais, mas que acabamos alterando para uma visão mais centrada no aluno e na comunidade”. (P. 127)
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